Call of Duty® 4: Modern Warfare™ Q&A
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Entrevistado: Robert Bowling
Função: Relações Públicas, Infinity Ward XCN: Responda com honestidade, já não estava farto que lhe fosse perguntado se os FPS’s baseados na Segunda Guerra Mundial não teriam perdido fulgor? Para ser franco, sim, mas também não gostava de ouvir as coisas nesses termos, pois acho que na indústria de desenvolvimento de jogos, nada perde fulgor. Qualquer ideia pode ser horrível, seja ela concebida pela primeira vez ou pela vigésima vez. Consequentemente, também qualquer jogo pode ser o melhor do ano, seja ele feito pela primeira vez ou pela vigésima vez. Penso que nunca nos descuidámos na concepção de qualquer dos títulos baseados na Segunda Guerra. Nesse sentido, se continuássemos nesse tema, os jogos não perderiam nenhuma qualidade. Foi mais uma questão de começar de novo, com um desafio a partir do zero. Pode dar-nos uma ideia concreta relativamente ao desenvolvimento de Modern Warfare, e dizer-nos o porquê da não participação em CoD3? A concepção de Call of Duty 4: Modern Warfare começou já há algum tempo, visto que todos nós desejávamos criar um jogo deste género na época actual. Nesse sentido, o embrião acabou por ser CoD2. Desde o início, duas equipas estiveram encarregues do desenvolvimento do singleplayer e do multiplayer, razão pela qual não nos foi possível envolver na realização de CoD3. De referir que a Treyarch fez um excelente trabalho em CoD3 enquanto nós secretamente desenvolvíamos CoD4. Houve sempre uma intenção inicial de transportar Call of Duty para a era moderna? Sempre, pelo menos na equipa inicial que já vinha a trabalhar em jogos da Segunda Guerra há mais tempo do que a mesma havia durado. Modern Warfare fornece-nos uma temática muito mais flexível em termos de guião, visto estarmos perante eventos ficcionados, mantendo no entanto o esforço em fornecer um jogo assente na realidade, quer em termos de acção ou cenários. Call of Duty sempre se orgulhou do seu rigor histórico – como é que esta atitude foi transposta para o campo da ficção? Enquanto o guião é baseado numa série de eventos fictícios, a acção e os cenários que os jogadores encontram são tão reais como os retratados nos jogos anteriores. Continua a ser um jogo onde a infantaria vai avançando pelo terreno contra exércitos e terroristas bem treinados, inimigos que desejamos abater. Adicionalmente, perdemos imenso tempo a certificarmo-nos que tudo no jogo estaria o mais correcto possível. Para isso, contactámos com os US Marines, fomos a uma base militar aqui na Califórnia e filmámos manobras, movimentos e tácticas. Também fomos a uma carreira de tiro e gravámos as armas no local para que o resultado final fosse o mais perfeito possível, de modo a transmitir uma verdadeira sensação de estarmos num qualquer campo de batalha. Tudo em Call of Duty 4: Modern Warfare se baseia na realidade, desde as armas aos cenários. Nessa perspectiva, não estamos perante algo a que já não estivéssemos habituados, a única diferença é que desta vez criámos um fantástico enredo rodeado de acção, ao invés de criarmos acção à volta de acontecimentos históricos. Pode fornecer-nos algumas informações relativas aos acontecimentos retratados em CoD4? Onde foram buscar a inspiração? Basicamente, vocês jogarão com vários soldados através do jogo. Um deles será um elemento dos Marines em reconhecimento no Médio Oriente, contra uma organização liderada por Al-Assad, que se dedica a actos de destruição. Ao mesmo tempo, serão chamados a intervir em acontecimentos que decorrem no Norte da Rússia provocados por ultra nacionalistas, e aí serão um elemento das SAS. À medida que forem avançando na campanha, irão aperceber-se que todos estes acontecimentos estão interligados entre si e começarão a desvendar o enredo presente no jogo. Que tipo de vantagens existem neste cenário de Guerra moderna no que toca à jogabilidade? Evoluirmos para a actualidade, permitiu-nos utilizar novas características, tais como armas modernas e novas tácticas. Por exemplo, na campanha a solo e mesmo em modo multiplayer, o bom desempenho permite utilizar meios aéreos para auxílio na progressão dos níveis. O radar também aparece como uma nova forma de auxílio. Esse tipo de funcionalidades estão disponíveis em singleplayer consoante a parte onde nos encontramos, mas no multiplayer estão associadas a um bom desempenho medido em termos de kills consecutivas. Também adicionámos o "Bullet Penetration" que joga com o poder da arma e do ambiente que a rodeia, sendo possível disparar através de madeira, plástico e algum metal. Isto oferece uma nova dimensão em termos de multiplayer, e obriga a novas estratégias, pois já não é uma questão de encontrar abrigo, mas sim de encontrar abrigo à prova de bala. E que desafios coloca em termos de equilíbrio na jogabilidade? O equilíbrio é algo que pode comprometer seriamente toda a experiência numa componente multijogador. Em CoD4, introduzimos um novo sistema denominado "Create A Class", onde os jogadores podem personalizar o seu equivalente virtual de modo a adaptar-se ao seu estilo de jogo. Para isso, têm um conjunto de três armas que podem levar para o terreno, sendo que essas armas dispõem de três características associadas (Perks) que o jogador pode activar conforme as suas necessidades. Como em multiplayer as armas são mais de trinta, as combinações são imensas. Mas como não é possível seleccionar mais do que uma característica (Perk) por arma, é difícil criar uma combinação que provoque um grande desequilíbrio no terreno de jogo. Call of Duty sempre ofereceu uma grande quantidade de personagens a encarnar pelo jogador - Modern Warfare segue essa tradição? Sim, existe uma enorme variedade na maneira como se luta em CoD4. Já mencionei que encarnarão um Marine e um SAS, e apesar dessas forças serem bastante distintas na sua abordagem aos conflitos, existem missões onde serão soldados com características bastante diferentes das atrás referidas. Por exemplo, num nível vocês serão um piloto aos comandos de um AC-130 que providenciará apoio aéreo às tropas no solo. Não sei se conhecem o AC-130, mas este avião é a morte vinda dos céus na medida em que tem fogo de precisão a partir de canhões de 25, 40 e 105 mm. Existem também várias missões em flashback onde encarnam um sniper que opera nas costas do inimigo, perto de Chernobyl. Os ambientes onde a acção decorre também variam conforme a força em que vocês operam. Nas SAS o método é muito mais discreto, pois envolve infiltrações em navios ou nas linhas russas enquanto que nos Marines existe muito mais força bruta como assaltos após ataques aéreos ou cargas de artilharia. Qual é o tipo de armamento que estará à disposição dos jogadores em CoD4? Existirá armamento tecnológico ou experimental? Nesta edição tudo é modernidade, e nesse sentido os jogadores poderão contactar com uma panóplia de armamento utilizado pelas várias forças militares envolvidas no terreno. Essas armas, além de estarem disponíveis nas suas versões base, podem ser apetrechadas por funcionalidades adicionais, desde as miras até às munições, que permitirão a todos uma experiência de jogo bastante pessoal. Isso acontece tanto em singleplayer como em multiplayer. A título de exemplo, posso referir que no modo a solo irão encontrar forte resistência por parte de uma companhia blindada, que vos obrigará a utilizar armamento específico, neste caso uma FGM-148, arma anti-tanque que consiste num míssil teleguiado que destrói a parte superior do veículo, pondo-o fora de combate. Será possível conduzir alguns veículos? No modo a solo existem várias missões onde os veículos desempenham um papel fundamental. Além da missão referida atrás, onde dominam uma metralhadora a bordo de um AC-130, existem várias outras envolvendo outros tipos de veículos que prefiro que vocês descubram sozinhos. Os trailers já lançados sugerem que os acontecimentos no jogo avançarão para um conflito nuclear – estamos correctos? Como é que o jogador irá viver essa experiência? Gostava de vos dizer… mas para isso teria de vos matar. Que papel desempenha a equipa em Modern Warfare? Alargaram as opções tácticas? Como já vem sendo hábito na série, o jogador nunca é um herói solitário que mata tudo e todos. Vocês serão soldados, e os soldados nunca lutam sozinhos. Dessa forma, à medida que avançam na campanha, estarão sempre rodeados de colegas de armas, que terão um papel activo no desenrolar das batalhas. A vossa função será a de mais um no meio de muitos. Em CoD4, a equipa será composta por elementos facilmente reconhecíveis, com os quais o jogador criará afinidades e que o acompanhará pelos vários teatros de guerra. Até que ponto é que o Beta foi um sucesso? O Beta da 360 foi um tremendo sucesso. Graças ao enorme feedback recebido, foi-nos possível afinar a experiência multiplayer ainda antes do lançamento final. A comunidade serviu como um instrumento de medição, o que nos possibilitou trabalharmos nos bastidores de modo a estarmos preparados no dia de lançamento. Que pretenderam atingir com o Beta? Que lições retiraram? Essencialmente, o Beta serviu para testarmos o jogo até ao limite. Uma coisa é testá-lo internamente com 100 pessoas envolvidas, outra é obter resultados com 500 000 jogadores espalhados pelo mundo. Permitiu-nos optimizar os servidores, o matchmaking, os locais de spawn, os mapas e as classes. Finalmente, que futuro para a série Call of Duty? Será que visitará outra era? Nesta altura penso que tudo é possível. O nosso objectivo principal é continuar a elevar a fasquia e fazer jogos que a comunidade receba com paixão, pois no fim de contas isso é que é importante. Obrigado pelo seu tempo! |