BATTLEFIELD: BAD COMPANY
Mais um First Person Shooter de cariz militar?
Realmente foi o que me passou pela mente quando recebi este título para análise.
Se o COD 4, torna a guerra actual, um título tão frenético e tão realista, o que é que este poderia trazer de novo.
Pesquisei um pouco acerca dos anteriores Battlefields, uma série orientada para ser jogada nos PC's, e todos eles partilhavam um denominador comum, o facto de serem FPS's orientados para a essência do "multiplayer", onde centenas de jogadores se juntavam em servidores, preparados para combater, utilizar os inúmeros veículos e capturar pontos estratégicos, não existia modo "Single player", não passava de um conjunto de jogadores controlados por Inteligência Artificial, e um colar preguiçoso dos mapas para jogar on-line.
Com uma dose considerável de preconceito iniciei o "Single Player", onde controlamos Preston Marlowe, um recruta, fresquinho, um verdadeiro novato, acabado de chegar ao 222º Batalhão, os apelidados de "infantaria dispensável".Temos 3 camaradas de armas, cada um com o seu estilo, quer seja o Sargento Redford, que anseia que o relógio passe mais rapidamente, principalmente depois de se ter alistado na "Bad Company", Sweetwater, com os seus BCG's Birth Control Glasses, uma espécie de óculos especiais para serem utilizados no teatro de operações, o sarcástico da companhia, permanentemente pessimista, e Haggard, aquele tipo que se alistou só para ver as coisas explodir.
E a minha dose de preconceito foi sendo destruída aos poucos, tendo início assim que as personalidades das três personagens se construíam à frente dos meus olhos, é certo que não passavam de estereótipos, mas muito engraçados, isso se dentro do vosso conceito de humor existir espaço para as piadas pueris de "Sweetwater", ou as cómicas poses de "Haggard".
Os primeiros minutos de jogo foram passados na luta contra os controlos, na descoberta do que faz cada botão\gatilho, não se preocupem não vos vou maçar com uma imposição dos controlos, para isso basta lerem o livro de instruções, e continuava a não me parecer diferente da maioria dos FPS militares.
No entanto as aparências iludem.
O meu preconceito desapareceu completamente ao primeiro colapso… do edifício. Dois inimigos mantinham-se entrincheirados dentro de um prédio, um insistentemente conseguia-me atingir, e aparentemente os meus camaradas de armas não conseguiam discernir o que fazer para os eliminar. Um dos soldados foi eliminado, a muito custo, por "Haggard" , é estranho parece que necessitou de pelo menos 40 segundos para conseguir disparar um tiro certeiro… Mudo para o modo secundário de disparo da minha arma, o lança-granadas e aponto ligeiramente acima da janela, onde entre recarregamentos, o soldado Russo me retirava mais um bocadinho da minha vida.
Aponto e, após a explosão, verifico que o local onde o militar se encontrava estava completamente destruído. Pelo menos parte da estrutura da casa tinha sido completamente abalada, desaparecera, desintegrara-se ante o disparo do meu lança-granadas.
Mas isso abre um precedente, assim ninguém está seguro. Acabaram-se os duelos horríveis, aqueles combates tremendamente injustos onde temos que esperar que os inimigos ponham a cabeça de fora para os eliminar. Agora se existir algo a separar-nos, quer seja um muro, ou um edifício, podemos pura e simplesmente destruí-lo.
O motor de jogo que deu origem a este tipo de destruição, que se limita a 90% do cenário, é brilhante, denominado de "Frostbite" foi especialmente criado para apadrinhar o lançamento desta série nas consolas desta geração, e junta ao leque de elementos destrutíveis as árvores, os edifícios, parte do terreno, e os veículos.
Uma última nota relativamente ao Single-player, encontra-se relacionada com a Inteligência Artificial dos nossos camaradas de armas, parece que foram pouco abonados nesse departamento, no decorrer da minha progressão pelos níveis, deparei-me com uma ineficácia impressionante, quando enfrentava um conjunto de inimigos, apesar de se encontrarem relativamente perto não conseguiam disparar um tiro certeiro.
Estratégia por parte da DICE, para nos obrigar a tomar uma posição dominante, de sermos uma peça fulcral naquele conjunto de homens? Ou manifesta preguiça na compilação de código no parâmetro da I.A.? Para além disso não é normal que num título que tenta ser realista que existam depósitos de combustível espalhados por uma base militar, em vez de estarem correctamente acondicionados num local específico.
A componente multiplayer tendo sido o cerne desta série, não poderia deixar de ser importante neste título, e no Live temos direito a um combate em grande escala, com um único tipo de mapa disponível, o "Gold Rush", que é um modo de jogo onde temos que capturar ouro, uma espécie de variante ao tradicional "Ataque" ou "Defesa", temos direito a escolher entre 8 mapas, sendo os mesmos gigantescos comparado com mapas de outros jogos multiplayer. Os veículos disponíveis são inúmeros e constituem-se uma parte essencial no modo online, é verdadeiramente emocionante uma equipa inteira juntar-se nas viaturas e podermos experimentar aqueles segundos, antes dos embates, antes do caos da batalha começar.
A nível de grafismo, temos um cuidado nos modelos das personagens e nas texturas que já se começa a revelar normal nos dias que correm, é de estranhar e referir os grânulos que parecem pairar em tudo…
A componente sonora é brilhante sendo a reprodução das armas e o caos do campo de batalha verdadeiramente avassaladores, especialmente se tivermos um sistema de som 5.1.
O "single player" é engraçado, no entanto ao fim de 6 horas já veremos os créditos finais, e não passam de um treino necessário para a forte componente "multiplayer" que é definitivamente onde iremos passar mais tempo a jogar, onde temos que dar uso a cooperação e ao trabalho de equipa.